sábado, 2 de agosto de 2014

RUA TREZE DE MAIO (ENTREVISTAS)

 A Rua Treze de Maio situa-se na transversal da Avenida Santa Bárbara e da Rua São Jorge, o que indica que a presença forte da religiosidade, com certeza influências do sincretismo religioso (catolicismo/ candomblé) estava presente no tempo em que a rua ganhou seu logradouro. A verdade é que independente de fazer um levantamento histórico sobre como se deu a origem do bairro, especificamente dessa rua, o que vale é a sensação de ter sido uma criança feliz que aproveitou o máximo da época de poder ficar na rua até tarde, com um clima pacífico (o que mudou bastante na atualidade), conhecendo o mundo através das vivências, das brincadeiras e do companheirismo de muitos amigos que compunham minhas primeiras experiências de socialização.
Sobre as condições da rua na década de 70/80 leiamos o que um morador antigo relata sobre como os terrenos foram distribuídos:
“Isso aqui foi transformado em loteamento e os terrenos foram doados. Ninguém pagou por nada aqui. Quem pegava as casas das pontas (esquinas) é que se deram bem, pois os terrenos são bem maiores. Depois as maiorias que tiveram seus terrenos legalizados passaram a vender e foi começando a encher os espaços com casas pequenas, simples, com cercas de arames. Tinha esgoto e o chão era de terra barrenta, quando chovia era água para tudo que é lado.”
Uma moradora (D. Adélia), hoje falecida, contava que quando começou a surgir candidatos a vereadores no bairro foi que as coisas melhoraram um pouco. Para conseguir a confiança da vizinhança alguns entravam com pedido de asfalto na Prefeitura e eles cediam alguns metros de capeamento, porém, eles diziam que por não disponibilizarem de mão-de-obra suficiente,  deveria ser realizados mutirões para distribuir o betume e o asfalto pelas ruas. Lembro- me de uma dessas ocasiões em que meu pai se ofereceu como voluntário; eram trazidos inúmeros carrinhos- de- mão e os homens vinham no embalo e despejavam no chão. Logo após, as mães de família e até mesmo crianças pegavam as pás e ficavam batendo e espalhando o asfalto por todas as extremidades das ruas; eram ocasiões alegres onde víamos o espírito de coletividade e fraternidade girando em torno de algo que poderia ser deprimente e vergonhoso para a população local, pela negligência dos poderes públicos de prestarem atenção aos bairros mais periféricos e se aterem apenas aos bairros do centro ou próximo ao centro da cidade.


Vista de cima, Nova Sussuarana na parte inferior da imagem, próximo ao CAB.
https://www.google.com.br/search?newwindow/nsussuarana

6 comentários:

  1. Interessante saber que essa área toda foi uma grande fazenda. Hoje vendo o crescimento populacional lamento pelos animais que tiveram que migrar para outro lugar, e pela mata que aí existia na época da minha infância...visão que poderia ser outra se a prefeitura tivesse feito o serviço direito no loteamento reservando um espaço para praças com jardins ao invés de deixar a cargo dos moradores pavimentarem toda a rua retirando assim até os coqueiros que existiam no bairro.

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    1. Obrigada Lú pela sua opinião. Concordo com você, o que faltou realmente no bairro nas décadas de sua urbanização foi um planejamento adequado para que além de moradias visassem mais áreas de lazer e a preservação ambiental.

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  2. Boa noite, o seu blog é muito útil para as pesquisas de quem quer saber qual a historia do bairro de Sussuarana e do centro administrativo da nossa cidade.

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    1. Que bom que gostou Ana, gostei também da história que você trouxe sobre o Beirú. Muito rica sua pesquisa. Espero que consigamos sempre estar mantendo eles atualizados para que haja esse intercâmbio de conhecimento.

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  3. Meus parabéns por resgatar a origem da rua Treze de Maio. Infelizmente, a secretaria de pavimentação urbana não atentou para bairros carentes.

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    1. Infelizmente, porém, os impostos eles não esquecem de nos alertar para que sejam pagos. O mínimo que eles dessem de retorno para os moradores já seria bom, mas nem isso.

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